“Reforma Administrativa deve focar no aumento da produtividade brasileira”, afirma diretor da FecomercioSP

“A Reforma Administrativa deve evoluir com um objetivo claro: aumentar a produtividade da economia brasileira”. A afirmação é de Antonio Lanzana, copresidente do Conselho de Economia Empresarial e Política da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), durante um seminário organizado na última semana,  na Câmara dos Deputados, em Brasília, por uma coalizão de 23 frentes parlamentares de diversos setores econômicos, como a indústria, o agronegócio e os serviços, por exemplo. O encontro teve apoio da Federação, que endossa o pleito há anos.

Para Lanzana, a reforma daria conta de um dilema estrutural do Brasil que, desde a década de 1980, tem crescido menos que o mundo. “O PIB brasileiro cresceu 139% de lá para cá, enquanto o do mundo subiu, em média, 324%. Os emergentes, por sua vez, cresceram 561%. Estamos ficando relativamente mais pobres”, explicou.

Na análise do diretor da Entidade, uma das razões para esse desempenho é justamente a baixa produtividade da economia brasileira. “Nos últimos 10 anos, esse índice tem sido de -3% a -4%. Ao longo das três últimas décadas, nosso crescimento foi 0,6%, contra 3,8% dos países em renda média”, apontou ele.

Os dados corroboram a análise de Lanzana: entre 2012 e 222, o Brasil cresceu 5,4% enquanto, no mesmo período, o mundo avançou 33,8%. Os países emergentes cresceram 52%. “Se nós tivéssemos acompanhado o crescimento dos emergentes, teríamos hoje um PIB 44% maior do que temos. Se seguíssemos o mundo, então, nosso PIB estaria 27% mais robusto Teríamos muito mais emprego, consumo e uma renda 27% mais alta”, explicou Lanzana.

 PROBLEMA DOS GASTOS

Durante sua apresentação no seminário, o diretor da FecomercioSP também abordou como a expansão dos gastos públicos no País vai na contramão do crescimento. Nos anos 1970, o orçamento era de 20% de despesas correntes e 5% de investimentos. Hoje, ao contrário, há 38% em gasto público – sendo que 37% são com despesas correntes e 1% com investimentos.

Esse ciclo vicioso de baixo crescimento e expansão desenfreada de gastos estatais foi financiado por aumentos da carga tributária que, desde a década de 1970, subiu de 25% para 34% do PIB. No mesmo intervalo, a dívida pública saltou de 27% para 80%. “Quando há maior participação do Estado na economia, automaticamente há redução da atividade do setor privado, que é mais eficiente que o setor público. O reflexo disso é a queda de produtividade”, diagnosticou Antonio Lanzana.

 

ESTADO PESADO

Além dos representantes da FecomercioSP e de parlamentares, o seminário também recebeu grandes nomes do empresariado brasileiro, como Flávio Rocha, presidente do Conselho do Grupo Guararapes (Riachuelo). Para ele, o momento atual é ideal para discutir o tamanho do Estado.

“A carruagem estatal ficou maior que a sua força de tração. Se ela é sua economia, capital e trabalho, a carruagem é o tamanho que ela tem. Quanto menor o Estado em relação a sua força de tração, mais célere será essa carruagem e mais próspero será esse país”, disse.

Sandro Mabel, presidente da Federação das Industriais do Estado de Goiás (FIEG), afirmou que a redução de custos pode ser revertida para melhorar a formação dos servidores. “Ou eles aceitam isso ou estão fora do jogo”, disse. O deputado Joaquim Passarinho (PL-PA), que presidente a Frente Parlamentar do Empreendedorismo, engrossou o discurso. “Queremos uma reforma justa não só para o servidor, mas para o pagador de imposto”. Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), presidente da Frente Parlamentar do Brasil Competitivo, ainda lembrou que o Poder Público mais dinâmico impacta no serviço oferecido. “A reforma motiva os funcionários, potencializa e produz bons frutos”, finalizou.