Especialista alerta sobre os impactos das mudanças climáticas nas construções e a necessidade de medidas preventivas

O impacto das mudanças climáticas sobre as construções, especialmente em áreas urbanas, é uma preocupação para engenheiros civis e urbanistas. Henrique Santiago, engenheiro civil e especialista em avaliação e perícia diagnóstica, alerta que o aumento das temperaturas globais e a frequência de eventos climáticos extremos, como tempestades e inundações, representam riscos significativos à durabilidade, segurança e eficiência das edificações.

Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), a temperatura média global aumentou cerca de 1,1°C desde o final do século XIX. A Organização Meteorológica Mundial (OMM) indica que os últimos oito anos foram os mais quentes já registrados. Esse aumento na temperatura global tem um impacto direto nas construções, afetando o conforto térmico, a durabilidade dos materiais e a integridade estrutural dos edifícios.
Henrique Santiago explica que as altas temperaturas influenciam diretamente no desempenho térmico das construções.

“Atualmente, a NBR 15.575, que regula o desempenho de edificações habitacionais no Brasil, exige um nível mínimo de conforto térmico. Bons projetos precisam levar em conta as temperaturas elevadas para não apenas cumprir as normas, mas também para oferecer um diferencial competitivo no mercado. Quanto melhor o desempenho térmico de uma construção, maior o conforto dos seus ocupantes e menor o consumo de energia para climatização, o que contribui para a sustentabilidade do ambiente construído”, destaca Santiago.

Além do impacto térmico, as mudanças climáticas aumentam a incidência de eventos climáticos extremos. Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) mostram que, em 2023, houve um aumento significativo na frequência e intensidade de tempestades em várias regiões do Brasil. Essas condições desafiadoras podem levar a falhas estruturais, como destacamento de revestimentos de fachadas, fissuras e infiltrações, devido à expansão e contração dos materiais de construção. “As fachadas das edificações precisam de atenção especial. Quanto maior a edificação, maior é a área de absorção de calor, o que exige cuidados adicionais para prevenir anomalias, como o destacamento de revestimentos e fissuras”, alerta o engenheiro.

Outro desafio são as inundações e tempestades, que, segundo o Atlas Brasileiro de Desastres Naturais, cresceram com frequência nos últimos anos. Henrique Santiago aponta que, embora as normas atuais prevejam eventos climáticos extremos com uma certa periodicidade, esses padrões precisam ser revisados. “A norma prevê um grande evento climático a cada 30 anos, mas hoje estamos vendo tempestades severas e inundações ocorrerem com muito mais frequência. Essa nova realidade deve ser considerada nas diretrizes de projetos e construção para que possamos garantir a segurança das edificações e de seus ocupantes”, ressalta.

A avaliação de vulnerabilidades estruturais relacionadas às mudanças climáticas requer o uso de técnicas avançadas, que vão desde inspeções visuais até o uso de tecnologias como ultrassom e termografia. Essas técnicas ajudam a identificar problemas como corrosão de armaduras, delaminação de concreto e outros danos ocultos que podem comprometer a integridade das edificações. “É essencial que as avaliações iniciais sejam realizadas por profissionais experientes, capazes de diagnosticar as anomalias de maneira precisa e aplicar as técnicas de correção mais adequadas”, observa Santiago.

Para amenizar os efeitos das mudanças climáticas, Henrique Santiago defende a adoção de práticas de construção sustentável e a integração de diferentes áreas de especialização na elaboração de projetos. Ele acredita que arquitetos, engenheiros e outros profissionais do setor devem colaborar mais estreitamente para desenvolver soluções inovadoras e eficazes. “A construção civil precisa evoluir para um modelo mais colaborativo e interdisciplinar. Projetos sustentáveis demandam o conhecimento conjunto de especialistas em energia, materiais, paisagismo, entre outros, para que possamos criar edifícios preparados para enfrentar os desafios climáticos do futuro”, conclui.