Depois de 12 anos, ator e dramaturgo Hélio Fróes retorna aos palcos com estreia do monólogo “Cobre do meu pai”
Espetáculo será apresentado nos dias 16, 17 e 18 de outubro no Teatro SESC Centro, com Entrada Franca. Trabalho mobiliza lembranças e histórias que cercam a figura do pai do artista e aborda temas como patriarcado e masculinidades.
No palco, apenas um tapete de couro circular, um tacho de cobre, Hélio Fróes e suas memórias ficcionadas sobre o seu pai. Depois de 12 anos fora do palco, o ator e diretor da consagrada Cia de Teatro Nu Escuro retorna à cena com “Cobre do meu pai”, um monólogo que envolve uma jornada pessoal e profunda, que mergulha nas memórias do ator e dramaturgo. A estreia será no Teatro SESC Centro com apresentações nos dias 16, 17 e 18 de outubro, às 20 horas. A entrada é franca. Este projeto foi contemplado pelo Edital de Arte e Criação em Goiás da Lei Federal Paulo Gustavo.
“Cobre do meu pai” é um trabalho sutil, minimalista e profundo, que versa sobre identidade e memória, patriarcado e masculinidades. Parte de uma história real que conduz a uma ficção e fabulação de memórias de Hélio sobre o seu pai. “São questões pessoais, mas que também têm uma dimensão universal, na medida em que o trabalho aborda temas com os quais o público também poderá se identificar”, compartilha o dramaturgo. No cerne dessa narrativa, encontramos a relação infantil entre Hélio e seu pai, um homem que, aos olhos de uma criança, era um verdadeiro herói. No entanto, à medida que a história se desenrola, descobrimos um passado repleto de sombras e atitudes que questionam essa figura paterna.
Ao longo destes doze anos fora dos palcos, Hélio Fróes viveu desafios na vida pessoal e novas propostas na vida profissional. O seu pai morreu de câncer e, um ano depois, ele também enfrentou a mesma doença. Ao longo deste tempo, dedicou-se à docência, como professor da Escola do Futuro (EFG) em Artes Basileu França, e à produção audiovisual. Dirigiu trabalhos como “Festa Entre Parentes”, “Vila Mariote” e versão audiovisual de “Gato Negro”.
Teatro-documentário e fisicalidade em cena
Sem trilha sonora, o trabalho tem a direção de Fernanda Pimenta, produção de Geovani Santos, direção de arte, figurino e cenário de Rô Cerqueira. A proposta da montagem é de um teatro documentário. “Esta é uma escolha que oferece uma narrativa sólida e baseada na realidade”, comenta o ator.
A diretora Fernanda Pimenta optou pelo método Viewpoints (VP), uma abordagem teatral que se concentra na exploração do tempo, movimento, espaço e relações no palco. “Ao usar as memórias como ponto de partida, os exercícios baseados no sistema VPs foram adaptados para criar cenas que transmitem as histórias e as emoções contidas nos relatos. Isso permite uma exploração física e emocional mais profunda dos eventos e das relações que moldaram a vida do protagonista”, explica a diretora Pimenta.
Sutilezas em cena – Cobre: verbo e substantivo
No palco, o único adereço no cenário é um grande tacho de cobre de cem litros em cima de um tapete circular de couro. “Esta peça tem um grande peso no texto. A intenção em adotar essa perspectiva minimalista é amplificar a narrativa da peça e envolver o público. São dois elementos circulares que ecoam o tema central da narrativa. A simplicidade e a simetria desses elementos reforçam a ideia de que o passado está sempre presente”, explica Fróes. Ele acrescenta que o cobre, material do tacho, tem um significado duplo para o nome da peça: enquanto substantivo e verbo.
O tacho de cobre é um símbolo importante na peça, representando a herança familiar e os segredos ocultos. Sua venda torna-se uma espécie de rito de passagem para o protagonista, pois o força a enfrentar o passado e a se afastar de sua zona de conforto.
O tom misto de humor e poesia é uma escolha artística intrigante. “Isso permite que a peça equilibre o peso do drama com momentos leves e reflexivos. O humor pode ser usado para aliviar a tensão e criar conexões emocionais com o público, enquanto a poesia adiciona profundidade e beleza à narrativa”, antecipa Fróes.
Sinopse
A decisão do protagonista de vender a herança de família, um tacho de cobre de cem litros, funciona como uma metáfora para uma jornada de autodescoberta. O tacho de cobre, além de seu valor material, torna-se uma alusão para a herança e o legado que o protagonista carrega. Assim como o tacho é passado de geração em geração, as questões do passado são transmitidas de uma geração para a próxima. A forma circular do tacho representa a inevitabilidade desse ciclo, a menos que seja interrompido. O protagonista é confrontado com as ações e segredos de seu pai, que lançam luz sobre sua própria identidade e sua ligação com o passado. Ele percebe que, para romper com o ciclo vicioso de seu passado, ele precisa confrontar e aceitar as verdades incômodas e os segredos que foram escondidos.