Exposição Ancestral: Afro Américas destaca legado afro-brasileiro e afro-americano
Mostra inédita reúne mais de 100 obras de artistas afrodescendentes do Brasil e dos Estados Unidos, reforçando o diálogo cultural entre os países e homenageando a influência da diáspora africana nas artes visuais
AFundação Armando Álvares Penteado (FAAP) inaugurou nesta segunda-feira (28) a exposição Ancestral: Afro Américas – Estados Unidos e Brasil, que propõe uma conexão entre o legado de artistas afrodescendentes de Brasil e Estados Unidos por meio de 132 obras. Em cartaz até 25 de janeiro de 2025 no Museu de Arte Brasileira (MAB-FAAP), a mostra gratuita oferece uma imersão nas expressões de identidade e resistência da diáspora africana.
Autoridades como o Ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, e o presidente da Fundação Cultural Palmares, João Jorge Rodrigues, estiveram presentes na inauguração. A Ministra da Cultura do Brasil participou da cerimônia, e ressaltou a importância de promover exposições que fortalecem o reconhecimento das raízes africanas. “Esta exposição não é apenas uma celebração da arte afrodescendente; é uma reafirmação de nossa herança comum e uma oportunidade de ampliar nosso compromisso com a valorização das histórias e identidades que formam nossas sociedades”, declarou.
A embaixadora dos Estados Unidos no Brasil, Elizabeth Frawley Bagley, também discursou, enfatizando o valor da exposição no ano em que se comemoram os 200 anos das relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos. “A decisão de colocar a arte afrodescendente no centro dessa comemoração é muito importante e destaca o complexo legado que tanto os Estados Unidos quanto o Brasil compartilham como resultado de nossas histórias com a escravidão. Em 1824, os Estados Unidos e o Brasil tinham as maiores populações de africanos escravizados. Duzentos anos depois, nossos atuais governos estão trabalhando juntos no relançamento do Plano de Ação Conjunta Brasil-EUA para Eliminar a Discriminação Racial e Étnica e Promover a Igualdade (JAPER). Estou certa de que esta exposição vai nos inspirar a intensificar nossos esforços na luta para acabar com o racismo,” afirmou Bagley.
Com curadoria de Ana Beatriz Almeida e da norte-americana Lauren Haynes, e direção artística de Marcello Dantas, a exposição explora as identidades afrodescendentes a partir de três eixos temáticos – corpo, sonho e espaço. Segundo Dantas, a mostra busca demonstrar como, mesmo após séculos de distanciamento e adversidades, a arte de matriz africana preserva sua relevância e continua a inspirar novas gerações.
Ana Beatriz Almeida destacou que a exposição evidencia a capacidade de reinvenção da diáspora africana em ambientes hostis, enquanto Lauren Haynes ressaltou a importância de explorar as conexões e diferenças nas práticas artísticas dos dois países. Entre os destaques estão obras inéditas de Simone Leigh, aclamada na Bienal de Veneza, e do norte-americano Nari Ward, que produziu uma peça exclusivamente para esta ocasião no Brasil.
Apoio Institucional e Parcerias Culturais
A presidente do conselho de curadores da FAAP, Celita Procopio, agradeceu à Embaixada dos Estados Unidos e ao Ministério da Cultura pelo apoio na realização da exposição, ressaltando o fortalecimento dos laços culturais entre as duas nações.
A noite de abertura também contou com uma apresentação da violoncelista norte-americana Akua Dixon e da cantora brasileira Virginia Rodrigues, simbolizando o intercâmbio cultural e a fusão artística proposta pela exposição.