Ozzy Osbourne pode ter escolhido o próprio fim, diz neurocientista Fabiano de Abreu

Em entrevista exclusiva à revista Rock Brigade, Dr. Fabiano de Abreu Agrela levanta hipótese comportamental e neurobiológica sobre a despedida do vocalista do Black Sabbath

O último show. O último livro entregue. A ausência de causa revelada. A sequência dos fatos que culminaram na morte de Ozzy Osbourne, aos 76 anos, no último dia 22 de julho, levantaram uma suspeita para o pós-PhD em Neurociências, mestre em Psicologia e especialista em Genômica Comportamental, Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues. Em entrevista ao jornalista Antonio Pirani, para a revista Rock Brigade, o neurocientista brasileiro sugeriu que a forma como Ozzy se despediu do público pode indicar uma decisão consciente e planejada.

“Há padrões de comportamento associados à conclusão biográfica voluntária, sobretudo em indivíduos com forte senso de legado e necessidade de controle narrativo. Ozzy entregou seu último livro dias antes da morte e fez um show de despedida ao lado da formação original do Black Sabbath exatamente 14 dias antes de falecer. Esses elementos não são triviais”, afirmou o pesquisador.

O vocalista, diagnosticado com Parkinson em 2020, havia cancelado turnês recentes alegando fragilidade física. Em julho, no entanto, retornou ao palco para um evento beneficente que serviu como última aparição pública ao lado dos antigos companheiros de banda. Para o Dr. Fabiano, o contexto sinaliza uma possível antecipação racional do fim.

“Em cérebros com histórico de neurodegeneração progressiva, principalmente quando há preservação parcial das funções executivas, o sistema límbico pode buscar soluções que reduzam o sofrimento sem comprometer a imagem social. A decisão pelo fim, quando ocorre nesses moldes, geralmente é camuflada por um enredo de despedida funcional”, explicou.

A ausência de informações sobre a causa da morte também contribui para reforçar a hipótese levantada pelo cientista. A família não divulgou qualquer dado médico. Apenas informou que Ozzy “morreu cercado de amor”. Na avaliação de Abreu, o silêncio pode ser intencional, como forma de manter a aura simbólica da despedida.

Segundo o neurocientista, existe um termo, ainda não oficializado, utilizado em círculos bioéticos e comportamentais para casos desse tipo: yothanasia. Uma combinação informal entre youth e euthanasia, que se refere à decisão consciente de encerrar a vida em condições de lucidez, quando há perda funcional intensa e o indivíduo deseja preservar sua imagem ou reduzir o sofrimento.

“Não há dados objetivos que confirmem que Ozzy optou pela interrupção assistida da vida. Mas há elementos demais, em termos comportamentais e simbólicos, que sugerem planejamento. A despedida foi meticulosa, e isso faz sentido no perfil psicológico e na trajetória pública dele”, concluiu.

A íntegra da análise do Dr. Fabiano de Abreu será publicada na próxima edição da revista Rock Brigade, na coluna especial que homenageia a história e os dilemas finais de um dos maiores ícones do heavy metal.