Kitão quer instituir um Museu e Memorial do Césio-137 em Goiânia
Projeto de lei foi protocolado nesta quinta-feira (9) e visa reconhecer a história do maior acidente radiológico do mundo
Projeto de lei foi protocolado nesta quinta-feira (9) e visa reconhecer a história do maior acidente radiológico do mundo
A cidade de Goiânia pode contar com um Museu e Memorial do Césio-137. O projeto de lei foi apresentado pelo vereador Lucas Kitão (União Brasil) na sessão desta quinta-feira (9) e visa preservar a memória e reconhecer a história do acidente radiológico que aconteceu na cidade há 38 anos.
O acidente aconteceu em 13 setembro de 1987, após o manuseio indevido de um aparelho de radioterapia abandonado, onde funcionava o Instituto Goiano de Radioterapia. A tragédia é considerada o maior acidente radiológico da história acontecido fora de uma usina nuclear.
Atingiu direta e indiretamente mais de mil pessoas e quatro vítimas faleceram após o manuseio de uma cápsula de 19 gramas da substância em um ferro-velho que funcionava na região central da capital.
Conforme o autor, a proposta reconhece o trabalho dos profissionais e dá justo e histórico para que sejam feitas homenagens às vítimas do maior acidente radiológico do mundo e não esconde a história da Capital, como a Netflix fez ao fazer as gravações de uma série no estado de São Paulo.
A plataforma foi criticada por gravar maior parte das cenas na capital paulista foi alvo de críticas do Conselho Municipal de Cultura de Goiânia, que publicou uma carta para demonstrar “profunda insatisfação” com a produção da série. “Trazer a filmagem para cá não seria apenas fazer justiça à nossa história, mas também gerar empregos, movimentar a economia local e fortalecer a cultura brasileira com mais verdade e representatividade”, disse a carta.
Preservação histórica
Kitão explica que o Museu e Memorial deverá contar com área de exposição e espaço de homenagem. Contará com área de convivência e terá como objetivo homenagear as vítimas, preservar a memória histórica e seu impacto social, além de servir como um espaço cultural e educativo para escolas, universidades e visitantes.
“O acidente deixou um legado de dor, estigmatização e desinformação, mas também revelou a solidariedade de profissionais de saúde, bombeiros, militares e cidadãos que atuaram heroicamente no socorro às vítimas”, justificou.
Mais de 6 mil toneladas de rejeitos contaminados foram recolhidos e estão enterrados em duas caixas de concreto, na cidade de Abadia de Goiás, em uma área de 32 alqueires, dentro do Parque Estadual Telma Otergal, às margens da BR-060.
Lá, foi construído o Centro Regional de Ciências Nucleares do Centro Oeste (CRCN-CO), que é vinculado à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Sua função é monitorar o entulho do césio e promover pesquisas na área ambiental ligadas à radioatividade.
“Nossa ideia é ter um local em Goiânia, assim como existe em Nova York, nos Estados Unidos, no Museu e Memorial do World Trade Center. O local preserva a história e memória das vítimas do atentado de 11 de setembro de 2001”, justificou.
Segunda tentativa
É a segunda tentativa de um projeto de lei semelhante. Em 2011, um projeto de lei do ex-vereador Túlio Maravilha (MDB) tentou a criação de um Museu na Rua 57, no Centro de Goiânia. O texto foi arquivado.
O texto apresentado é uma nova tentativa de criar um Memorial na Capital, sem delimitação de espaço. Conforme proposto, o Museu será implementado em uma área a ser definida pelo Poder Executivo.
O projeto iniciou sua tramitação na Câmara Municipal. Vai passar pela Comissão de Constituição e Justiça e por duas votações no Plenário.