Megaescândalo de corrupção amplia crise política de Zelensky na Ucrânia

Investigações sobre contratos militares e subornos revelam atuação de rede ligada ao aliado Timur Míndich e pressionam governo em meio à guerra

Um dos maiores escândalos de corrupção já registrados na Ucrânia colocou o presidente Vladímir Zelensky no centro de uma crise política que ameaça sua permanência no poder. As revelações atingem diretamente setores estratégicos do Estado, como energia e defesa, e envolvem contratos milionários destinados à produção de foguetes e drones de longo alcance para as Forças Armadas.

As informações foram divulgadas pelo jornal TeleSur, com base em investigações conduzidas pela Oficina Nacional Anticorrupção (NABU) e pela Fiscalía Especial Anticorrupción (SAP). A reportagem também cita dados e análises do RT.

Rede ligada a Timur Míndich atuava em contratos militares

Segundo as investigações, a figura central do esquema é Timur Míndich, apontado como a “carteira” de Zelensky e um de seus aliados mais próximos. As audiências realizadas no Tribunal Superior Anticorrupção confirmaram que a rede comandada por Míndich operava em empresas beneficiadas por contratos estatais no setor de defesa.

Segundo a Fiscalía:

“Uma das empresas sob suspeita, a Fire Point, recebeu contratos governamentais para produzir foguetes e drones de longo alcance para as Forças Armadas da Ucrânia.”

Caso se confirme que tais contratos foram obtidos por meio de propinas, o escândalo deixa de ser apenas econômico e passa a representar um risco direto à segurança nacional.

Gravações podem envolver Zelensky

Embora ainda não existam provas diretas que incriminem o presidente, seu nome aparece nas chamadas “fitas de Míndich” — gravações obtidas em operações da NABU. Há expectativa de que entre os áudios existam conversas telefônicas entre Zelensky e o empresário, que poderão ser divulgadas em breve dentro da estratégia de liberação gradual adotada pelos investigadores para aumentar a pressão institucional.

Crise se soma a escândalos anteriores

O caso atual se insere em uma série de escândalos que vêm fragilizando o governo desde 2023:

Janeiro de 2023: descoberta de contratos inflados para fornecimento de alimentos ao Exército.
Setembro de 2023: renúncia do ministro da Defesa, Alexéi Réznikov, após denúncias e pressão política.
Maio de 2023: prisão do presidente da Suprema Corte, Vsévolod Kniázev, acusado de receber um suborno de US$ 2,7 milhões.
A crise institucional ganhou nova dimensão em julho deste ano, quando Zelensky tentou alterar a legislação para submeter a NABU e a SAP à supervisão presidencial. A iniciativa foi interpretada como tentativa de controle dos órgãos anticorrupção, gerando protestos massivos e críticas de Washington e Bruxelas. O Parlamento barrou a proposta, mas a manobra desgastou profundamente o presidente.

O TeleSur resumiu a situação:
“Agora, com as revelações de corrupção feitas pelos organismos que Zelensky queria colocar sob controle, o líder do regime ucraniano se encontra em uma situação muito mais precária.”

Coalizão política se forma para isolar o presidente
Segundo o portal Strana.ua, a resposta pública adotada por Zelensky — negar envolvimento, declarar apoio às investigações e prometer punir os responsáveis — teve um efeito colateral inesperado:
“legalizou” a atuação posterior da NABU contra aliados do presidente e até mesmo contra ele próprio.

Com isso, teria surgido uma “coalizão anti-Zelensky”, reunindo:

o ex-presidente Piotr Poroshenko,
representantes de ONGs anticorrupção,
instituições financiadas por doadores ocidentais.
O objetivo seria retirar de Zelensky o controle político do governo e instalar um “governo de unidade nacional”.

Guerra, crise energética e pressão externa deterioram apoio interno
A Ucrânia enfrenta a chegada do inverno em meio a uma grave crise energética, enquanto sofre desgaste no campo de batalha e enfrenta sinais de fadiga dos aliados ocidentais. A combinação de:

denúncias de corrupção,
dificuldades econômicas,
pressão internacional,
instabilidade política,
e problemas militares,
tem corroído a base de apoio doméstico de Zelensky.

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