Investigação aponta desvio de mais de R$ 2 milhões no SAMU de Goiânia durante gestão passada
Operação da Polícia Federal e da Controladoria‑Geral da União suspeita de fraudes na manutenção de ambulâncias entre 2022 e 2024
Uma operação conjunta da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU), deflagrada nesta sexta-feira (28), investiga suspeitas de desvio de recursos públicos destinados à manutenção de ambulâncias do SAMU em Goiânia. Fontes oficiais estimam um prejuízo superior a R$ 2 milhões no período entre 2022 e 2024 — quando a administração municipal era comandada pelo ex-prefeito Rogério Cruz (Solidariedade).
Mandados cumpridos e alvos da operação
Batizada de “Operação Check-up 192”, a ação cumpriu 9 mandados de busca e apreensão em Goiânia e Aparecida de Goiânia. Entre os alvos estão servidores municipais da Saúde, empresas contratadas para a manutenção da frota e oficinas mecânicas supostamente envolvidas.
As suspeitas incluem:
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emissão de notas fiscais falsas;
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superfaturamento;
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pagamento por serviços de manutenção de ambulâncias que, segundo auditoria, permaneceram inativas por até 17 meses;
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uso de oficinas clandestinas para reparos.
Histórico, impacto e pedido de devolução de recursos
De acordo com auditoria realizada por órgão federal, desde pelo menos janeiro de 2023 foram detectados pagamentos irregulares, sugerindo que ambulâncias inoperantes continuaram registrando despesas como se estivessem em uso.
Diante disso, existe a recomendação de devolução aos cofres públicos de cerca de R$ 2,13 milhões — valor correspondente aos repasses indevidos aos serviços de manutenção.
Posições oficiais e próximos passos das investigações
A prefeitura atual declarou que os fatos investigados referem-se à gestão anterior e afirmou estar colaborando integralmente com as apurações.
Ainda não há confirmação sobre o afastamento dos servidores investigados, embora o gerente de Transportes da Secretaria Municipal de Saúde seja apontado como um dos principais alvos.
As autoridades buscam rastrear a cadeia de responsabilidade: desde funcionários públicos até empresas — para identificar quem lucrava com os pagamentos indevidos e se houve eventual cumplicidade de agentes públicos no esquema.
Por que este caso é relevante: confiança pública e saúde comunitária
O suposto fraudes no SAMU abalam a confiança da população em serviços essenciais à saúde. O SAMU representa a linha de frente em emergências médicas, e irregularidades nesse tipo de contrato colocam em risco a manutenção de ambulâncias e atendimento à comunidade — sobretudo em um município como Goiânia, com grande demanda.
Além disso, o caso evidencia falhas graves de fiscalização e controle em contratos públicos com recursos federais, levantando a necessidade de maior transparência e mecanismos de auditoria mais eficazes. O eventual ressarcimento de valores e punição dos responsáveis podem servir como alerta para outras gestões.