Orum Aiyê Quilombo Cultural realiza o 2º Festival de Palhaçaria Preta entre 15 e 19 de novembro

O evento celebra o protagonismo preto e a resistência cultural oferecendo espetáculos e oficinas

No mês da consciência negra, palhaços pretos de São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal e Goiás se reúnem em Goiânia para ecoar risadas que também são formas de resistência cultural. A segunda edição do Festival de Palhaçaria Preta acontece entre os dias 15 e 19 de novembro no espaço cultural Orum Aiyê Quilombo Cultural, localizado no Setor Nossa Morada, região Norte de Goiânia. O evento conta com a produção de Raquel Rocha e Marcelo Marques e assistência de produção de Matheus Alcantara. Os ingressos custam R$15 e há meia entrada para estudantes e pessoas negras.

HOMENAGEM

O evento homenageia o palhaço artista Eduardo das Neves, nascido em 1874 e falecido em 11 de novembro de 1919. Sua trajetória brilhante fez dele uma figura lendária, sendo considerado um dos precursores da palhaçaria no Brasil. Conhecido como palhaço negro ou Nego Dudu, foi um palhaço e artista circense brasileiro que marcou a história do circo no país. “Eduardo das Neves foi um pioneiro na arte do palhaço e sua influência é sentida até os dias de hoje. Este festival tem como missão preservar sua memória e inspirar as gerações futuras a continuar sua jornada de risos e entretenimento”, comenta Marcelo Marques, palhaço e produtor do evento.

O Festival tem como principal objetivo promover o protagonismo preto, destacando a rica herança artística de artistas negros no mundo da palhaçaria. “O Palhaçaria Preta não apenas celebra a diversidade, mas também destaca a importância de resistir e persistir em um cenário cultural que historicamente subestimou o talento e a criatividade preta”, argumenta a produtora e artista Raquel Rocha.

Programação

A programação conta com espetáculos e oficinas. Os interessados em participar das oficinas devem se inscrever por meio das redes sociais do Orum Ayê (@orumaiyecultural). Quem abre a programação é o artista João Artigos (RJ), com o espetáculo “Cabeça de Nego”, na quarta-feira (15/11), às 20 horas. No dia seguinte (16/11), a palhaça Cibele Mateus (SP) oferece a oficina “Que brincadeira que dá? Comicidades, celebrações e pelejas”, das 9h às 13h. Mais tarde, às 20h, ela apresenta o espetáculo “Vermelho, branco e preto”. Na sexta-feira (17/11), é a vez de Goiás representar a palhaçaria preta nos palcos com “Mocotó oohhh”, de Marcelo Marques.

No sábado (18/11), das 9h às 12h e das 14h às 18h, João Artigos oferece a oficina “Comicidade Negra”. Às 20h, de Brasília/DF, Miquéias Paz apresenta “Mimicando”. No domingo, das 8h às 16h, o artista oferece a oficina “treinamento em mímica”. Encerrando o festival, às 20h, o goiano Bulacha apresenta o espetáculo “Domador de animais”. “Este festival é uma oportunidade de enriquecer a cultura local e fortalecer os laços da comunidade artística, promovendo a igualdade de oportunidades no mundo das artes”, comenta Marcelo Marques sobre a programação.

Sobre os Artistas

Cibele Mateus (SP): artista do riso, atriz, educadora social e pedagoga. Desenvolve seus trabalhos cênicos a partir de motrizes e matrizes afro-diaspóricas, afroindígenas e na arte de rua, desde 2005. Vem fazendo sua trajetória de arte-vida em busca das máscaras de pretume, buscando criar uma poética própria de comicidade negra. Iniciou sua trajetória como “Mateus” (figura cômica da “cara preta”) em 2011, no Grupo Manjarra (SP). Atualmente brinca de “Mateus” na brincadeira tradicional “Boi Canarinho”, grupo LGBTQIA+ e Juremeiro (Fortaleza/CE).

João Carlos Artigos (RJ): palhaço/brincante/performer tem uma trajetória dedicada à investigação do ofício da arte de fazer rir. Também um Germinador de Processos Criativos e de experiências estéticas coletivas. Seus resultados se processam pelo diálogo sensível entre os princípios éticos e técnicos.

Miquéias Paz (DF): premiado ator, e um dos melhores mímicos brasileiros. Desde 1984, viaja o mundo com suas apresentações. Nessa caminhada, encanta os públicos das cidades onde passa, seja em Londres, Brasília ou Bagdá, onde participou do Festival de Artes da cidade. Entre os espetáculos montados, estão: Tradição e Contradição, Brincadeiras de Criança, Máscaras de um Pierrot, Gregor Sansa (a Metamorfose), Cotidiano, Sentimentos e Brasil Brasileiro. Idealizou o projeto, “Amar é Preciso”, levado para as escolas da rede de ensino público de Brasília. Também exerce a função de mestre de cerimônias para grandes shows, mesas e debates e direção de espetáculos.

Marcelo Marques (GO): palhaço, ator, circense , diretor mestre em Educação transdisciplinar em goiânia desde 2004 é co-fundador do Espaço Orum Aiyê Quilombo Cultural foi coordenador e professor de circo no ITEGO em Artes Basileu França, Viajou o mundo com a Arte Circense levando espetáculos em diversos locais culturais como o Sibio, Festival Internacional de Teatro, na Romênia em 1998, Festival de Almada em Portugal em 1999, no Theater Der Welt em Berlim, EXPO Hannover na Alemanha, assim como outros festivais em Itália e na França.

Seu caminhar artístico o levou a participar, para além dos palcos teatrais e de rua, de programas de TV como o quadro Circo do Faustão, além de apresentações em outros programas como Xuxa no Mundo da Imaginação , Turma do Didi e participações em novelas como Desejos de Mulher, Coração de Estudante, entre outras.

Bulacha (GO): formado em artes visuais (UFG) o Palhaço Bulacha nasceu para o fazer artístico em 2004 estudando, criando e apresentando números de malabares com dévil, bolinhas e claves. Participou ao longo dos anos seguintes de uma série de cursos e oficinas de formação em teatro e palhaçaria. Em 2010 cursou a Escola Estadual de Circo Martim Cererê, participando da 1a turma. Ainda no mesmo ano cursou sonoplastia no Projeto Bastidores promovida pela AGEPEL. Desde então é um artista vibrante que dialoga com a sociedade em várias linguagens e estéticas artísticas. Um artista que produz na, com e para a rua promovendo encontros, eventos e apresentações nos espaços públicos urbanos, democratizando e re-significando o seu uso. Produtor e idealizador do Encontro Goiano de Malabares e circo e da convenção Brasileira de malabares e circo – edição Goiânia.

Sobre o Orum Aiyê Quilombo Cultural

Fundado por Raquel Rocha e Marcelo Marques, o Orum Aiyê é um quilombo cultural que surge de forma inovadora na região Norte de Goiânia visando ações que visam a luta anti-racista, pautado em ações afirmativas que potencializam o protagonismo, formação, produção e empoderamento artístico preto. Orum Aiyê segue o caminho da resistência, do afro-afeto, do sorriso surgido a partir do compartilhamento da memória preta e da força que se sente no estado de Ubuntu: “uma pessoa é uma pessoa por meio de outras pessoas”.