Projeto AYA, do Orum Aiyê Quilombo Cultural, oferece oficinas gratuitas de estamparia em tecido para mulheres negras

Nos meses de agosto e setembro, mulheres negras terão a oportunidade de receber, gratuitamente, formação técnica e artística. O Orum Aiyê Quilombo Cultural realiza a primeira edição do Projeto Aya, que conta com dois módulos: no primeiro estão sendo oferecidas oficinas de formação em macramê, conduzidas pela artista visual Rafaela Rocha. No segundo módulo, a artista Raquel Rocha vai oferecer oficina de estamparia nos dias 14, 21 e 28 de setembro das 15h às 18h. As inscrições são gratuitas e estão abertas até o dia 31 de agosto. A formação acontece na sede do quilombo, no Residencial Nossa Morada. Este projeto foi contemplado pelo edital Dinamização de Empresas e Espaços Culturais da Lei Federal Paulo Gustavo.

As pessoas interessadas nas oficinas de estamparia devem ter, pelo menos, 15 anos e não é necessária formação prévia. O link para inscrição está disponível no Instagram @orumaiyecultural e há 30 vagas disponíveis. O público desta formação é, exclusivamente, de mulheres negras, surdas ou com audição reduzida, neste último caso, não haverá critério étnico-racial na seleção. Haverá tradução simultânea em libras. As oficinas de macramê e de estamparia oficinas foram escolhidas por permitirem uma grande versatilidade de atuação no mercado de trabalho e artístico. “Além disso, oferecem um estudo técnico para pessoas negras como uma possibilidade de garantir que esses artistas desenvolvam plenamente suas habilidades e talentos, promovendo a representatividade em todos os níveis do mercado de trabalho”, justifica Raquel Rocha.

A finalidade da oficina de estamparia é utilizar de técnicas artísticas para dar vida aos tecidos e pensá-los como uma plataforma de expressão e comunicação artística. “O tecido possui uma linda maleabilidade de ser no mundo, podendo ser utilizado para decoração, para vestimentas, assim como várias outras maneiras na sociedade. Esta formação visa realizar um contato inicial às diversas técnicas de estamparia em tecido pensando em um público iniciante”, comenta a artista Raquel Rocha.

O projeto

O Projeto Aya, explicam as irmãs Raquel e Rafaela Rocha, tem o nome inspirado no adinkra africano, que significa um símbolo de independência, resistência, perseverança e desenvoltura. A partir dessa proposta, o projeto Aya pensa a formação técnico – artística como um laboratório de imersão e pesquisa que visa aprimoramento de pessoas negras para o mercado de trabalho e cultural. Assim, a iniciativa foi gestada tendo em vista o apagamento das mulheres negras enquanto agentes de arte e de cultura.

“Ações culturais que promovem esse tipo de arte são uma forma de resistência cultural e política a dar continuidade e voz a essas pessoas”, comenta a artista Rafaela Rocha. “A partir disso, este projeto nasce da necessidade de se pensar uma formação educacional técnica para pessoas negras visando uma melhor inserção no mercado de trabalho”, continua Rocha.

A artista Raquel Rocha enfatiza o fato de que, historicamente, pessoas negras enfrentam barreiras sérias para o acesso à educação e a oportunidades no campo das artes. “Neste sentido, o Orum Aiyê Quilombo Cultural visa oferecer suporte e recursos adequados que permitam que essas pessoas tenham mais chances e oportunidades de crescimento profissional e qualidade de vida. Essa busca por equidade de oportunidades é essencial para combater a sub-representação e as disparidades no acesso a oportunidades profissionais, garantindo que todos os artistas possam mostrar seu trabalho e alcançar seu potencial máximo”, complementa a artista.

Sobre as oficineiras

Raquel Rocha possui uma intensa caminhada na luta antirracista atuando em diversas frentes como artista visual, diretora de arte, poeta, curadora e produtora cultural. É co-fundadora do Orum Aiyê Quilombo Cultural, utilizando a arte como uma linguagem insurgente de resistência que rememora aspectos silenciados da cultura negra que, marginalizada, resiste, cria e recria realidades brasileiras.

Rafaela Rocha é mulher negra, artista e artesã, produtora cultural com foco em técnicas voltadas ao segmento de esculturas têxteis, tais como: macramê, bordado, crochê dentre outras, em seus trabalhos para além de trançados com linhas também utiliza elementos orgânicos com objetivo de trabalhar a sustentabilidade bem como a conexão com a natureza e seus elementos. Ministra oficinas voltadas com intuito de propagar esse conhecimento e proporcionar possibilidades de formação socioeconômica no meio artístico, artesanal e cultural.

Orum Aiyê Quilombo Cultural

Fundado por Raquel Rocha e Marcelo Marques, o Orum Aiyê Quilombo Cultural é um espaço de resistência afrocentrada, promovendo ações antirracistas e afirmativas que empoderam a produção artística preta. Localizado na região Norte de Goiânia, o quilombo atua em diversas frentes, como artes visuais, circo, teatro e educação.