DPE-GO lança projeto que visa fomentar reflexões sobre as subjetividades de mulheres encarceradas

Para Além do Cárcere: Identidade_ teve sua primeira ação nesta quarta-feira (26/3), na Unidade Prisional de Goianápolis.

Alegre, ansiosa, humilde, impaciente. Em meio a diferentes palavras que definem identidades, as mulheres privadas de liberdade na Unidade Prisional Regional (UPR) de Goianápolis participaram do primeiro encontro do projeto Para Além do Cárcere: Identidade, da Defensoria Pública do Estado de Goiás (DPE-GO). A iniciativa foi lançada na manhã desta quarta-feira (26/03) e envolveu mulheres LGBTQIAPN+. Além disso, buscou fomentar reflexões sobre as subjetividades de mulheres dentro do contexto prisional.

O projeto é desenvolvido pelo Centro de Atendimento Multidisciplinar (CAM), em parceria com o Núcleo Especializado em Situação Carcerária e Política Criminal (Nesc), ambos da DPE-GO. Em formato de roda de conversa, a ação visa promover um espaço seguro para troca de vivências. Serão conduzidos outros três encontros na UPR de Goianápolis, quinzenalmente, como forma de fortalecer a identidade dessas mulheres encarceradas, ampliando o acesso a direitos.

Diretora do CAM, a defensora pública Izabela Saraiva destaca que o lançamento do projeto representa um marco significativo na luta pelo acolhimento e respeito aos direitos das mulheres encarceradas. Segundo ela, esses momentos vão além do jurídico, alcançando também as expectativas e os direitos relacionados à identidade, à sexualidade, à afetividade, dentre outros.

“É muito comum que as mulheres inseridas no contexto prisional sofram com o abandono das famílias e, por vezes, o próprio Estado não consegue prover todas as suas necessidades, especialmente aquelas que se ligam ao feminino de cada uma. Portanto, o projeto visa trazer essa visão acolhedora e humanitária, estimulando-as a expressar o que pensam sobre a sua identidade e como fortalecê-las enquanto mulher, apesar de todas as vulnerabilidades vivenciadas no cárcere”, explica.

A defensora pública ressalta ainda que o primeiro encontro superou as expectativas, pois todas as mulheres presentes participaram de forma ativa, trocando relatos, experiências e sentimentos entre si e também com as psicólogas. “Ainda teremos mais três encontros, de forma quinzenal, nos quais as psicólogas pretendem trabalhar aquilo que foi expressado pelas próprias mulheres no primeiro encontro. A ideia é que a Defensoria Pública consiga levar este projeto a outras unidades prisionais femininas do Estado”, enfatiza Izabela Saraiva.

Ainda durante o lançamento, o coordenador do Nesc, defensor público Salomão Rodrigues da Silva Neto, relatou que a iniciativa é uma oportunidade de cuidar, abraçar e compreender os sentimentos destas assistidas. “Este é apenas o primeiro passo e que possamos construir caminhos possíveis para que a identidade das mulheres encarceradas seja respeitada. Elas não são invisíveis para a Defensoria Pública”, avalia.

Diretora da UPR, Roberta Priscilla Honorato Ferreira defende que a iniciativa de trabalho com as mulheres presas será muito significante. “A Defensoria Pública chega para somar e para nos ajudar. Estamos felizes em poder receber esse projeto”, pontua.

Troca de vivências
Após a solenidade de lançamento do projeto Para Além do Cárcere: Identidade, as psicólogas do CAM Webyster Barreto e Vitória Trindade realizaram uma roda de conversa com as mulheres encarceradas para um momento de troca de vivências. Na ocasião, cada uma das assistidas puderam compartilhar sobre elas mesmas e também ouvir os profissionais.

A iniciativa busca proporcionar um espaço seguro para a expressão de experiências, discussão coletiva e reconhecimento das subjetividades das mulheres encarceradas. O projeto também visa fortalecer a identidade dessas mulheres dentro do contexto prisional, contribuindo para a elaboração de suas vivências e a ampliação de seu acesso a direitos.