A nova era das campanhas: como a inteligência artificial e os influenciadores vão desafiar a Justiça Eleitoral em 2026

As eleições de 2026 prometem ser as mais tecnológicas da história recente do Brasil. Se nas últimas disputas o debate girou em torno das fake news e da desinformação, o novo desafio da Justiça Eleitoral estará em outro campo: o uso da inteligência artificial e dos influenciadores digitais como instrumentos de persuasão política.

Para o advogado Danúbio Remy, mestre em Direito Público e Direito Eleitoral, a próxima campanha marcará uma virada de paradigma na forma como candidatos se comunicam com o eleitor. “A presença de influenciadores e o uso de ferramentas automatizadas de comunicação vão exigir da Justiça Eleitoral um olhar mais atento e uma atualização constante das normas”, analisa.

Segundo o especialista, a IA generativa, capaz de criar vídeos, áudios e textos em segundos, traz um dilema inédito: “Não se trata apenas de conteúdo falso, mas da manipulação emocional em larga escala. Um vídeo hiper-realista pode alterar percepções e, por consequência, o voto”.

Remy destaca ainda que a regulação sobre o uso de influenciadores tende a ser um dos pontos centrais do debate jurídico em 2026. “Esses atores digitais têm poder de engajamento muito superior ao de campanhas tradicionais, e há uma zona cinzenta entre opinião pessoal e propaganda eleitoral disfarçada. É um tema que o Direito Eleitoral precisará enfrentar com urgência”, completa.

Com a digitalização crescente das campanhas e o uso de novas tecnologias de comunicação, o especialista acredita que o país vive uma encruzilhada entre inovação e responsabilidade. “O Brasil precisa se antecipar. A legislação eleitoral deve evoluir junto com a tecnologia, e não depois dela.”