Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos, foi eleito o 47º presidente na quarta-feira, alcançando os 270 votos eleitorais necessários com uma vitória em Wisconsin. O retorno de Trump marca um momento extraordinário na política americana: ele é o primeiro ex-presidente a reconquistar o cargo desde Grover Cleveland, e o primeiro condenado por crimes graves a ser eleito para o posto mais alto do país. Sua eleição representa uma virada na política nacional e internacional, com implicações profundas para a democracia americana e o cenário global.

Durante a campanha, Trump adotou uma postura agressiva, atacando sua rival democrata, Kamala Harris, com retórica muitas vezes considerada misógina e racista. Ele usou uma linguagem apocalíptica para descrever os Estados Unidos como uma nação invadida por migrantes violentos, um discurso que ressoou fortemente entre eleitores desiludidos e especialmente entre os homens, em um país profundamente polarizado. Em um de seus discursos, ele declarou: “Sou seu guerreiro, sua justiça e sua retribuição.”

Com uma imagem marcada por acusações de fraude e escândalos, Trump construiu sua campanha com base na narrativa de luta e sobrevivência, mencionando, inclusive, duas tentativas de assassinato frustradas. Em julho, um atirador atacou um comício em Butler, Pensilvânia, e quase o feriu gravemente. O ex-presidente respondeu com um gesto de punho erguido, incentivando seus apoiadores a “lutar”. Esse momento, junto com a retórica incendiária que permeou toda a campanha, consolidou a imagem de Trump como um líder combativo, prometendo mudanças radicais e “limpar” o governo.

Seu vice-presidente, o senador JD Vance, de Ohio, de 40 anos, será o primeiro representante da geração millennial a ocupar uma posição tão alta no governo dos Estados Unidos. Com a vitória, Trump assume o cargo com um Senado dominado pelos republicanos, o que deverá facilitar sua prometida agenda de mudanças no governo federal e sua busca por retaliação contra adversários políticos.

A eleição de Kamala Harris, primeira mulher de cor a liderar uma chapa de um grande partido, representou inicialmente uma quebra com a administração anterior, mas a campanha curta e pressionada pela saída de Biden, somada a um cenário econômico incerto e crises globais, não conseguiram impulsionar seu apoio eleitoral.

Líderes mundiais já começaram a enviar mensagens de congratulações, antecipando uma nova fase nas relações diplomáticas. Trump, por sua vez, prometeu um governo marcado por ações drásticas, incluindo um aumento nas deportações, a revisão de alianças internacionais, como a OTAN, e a utilização do Departamento de Justiça para ações contra o que chama de “inimigos internos”. No entanto, o retorno de Trump levanta preocupações sobre a estabilidade democrática, uma vez que ele defende medidas que incluem, até mesmo, a suspensão de partes da Constituição em nome de sua agenda.

Embora esta vitória tenha consolidado o retorno de Trump, a eleição de 2024 será lembrada por ter ocorrido em meio a tensões políticas e sociais que redefiniram o papel do poder na sociedade americana e as possibilidades de seus futuros líderes.

Com informações Associated Press News