Goiânia recebe o 1º Festival de Circo Fora do Eixo

Entre 30 de outubro e 2 de novembro evento oferece espetáculos, números, rodas de conversa e a 4ª formatura a turma do NUFAAC

Entre os dias 30 de outubro e 2 de novembro, a Catavento Companhia Circense leva para os palcos do Teatro Goiânia a consolidação de um ano de trabalho. Espetáculos, números, rodas de conversa e a formatura da 4ª turma do Núcleo de Formação Ampliada para o Artista de Circo integram a programação do 1º Festival de Circo Fora do Eixo. Este festival celebra a potência do circo com o objetivo de promover na capital goiana uma experiência única ao público, com uma programação diversificada e totalmente gratuita. A abertura do festival, no dia 30 de outubro, será às 19h30, seguida da apresentação de “Hi.a.to”. As apresentações desse espetáculo têm financiamento da Funarte e o NUFAAC tem financiamento da Lei Goyazes. Os ingressos devem ser retirados previamente na plataforma Sympla.

De acordo com Felipe Nicknig, diretor da Catavento, o objetivo deste festival é colocar o circo em um lugar de destaque da cultura goiana. “Ao apostar na cidade que é o coração do Brasil, levamos em consideração o fato de que estamos fora do eixo historicamente privilegiado no nosso país, e nos propomos a pensar fora do eixo, numa perspectiva criativa, geográfica e estética, em busca de trabalhos, artistas, grupos e companhias que estão pensando, pesquisando e criando fora do eixo em todos os sentidos”, justifica o diretor.

NUFAAC

O evento consolida mais um ano de formação do NUFAAC, a quarta turma deste núcleo, depois de exitosas experiências em 2017, 2018 e 2020. O projeto selecionou dez alunos que receberam bolsas de estudos no valor de R$750 mensais, além de uma verba de R$2 mil de auxílio-criação para os espetáculos de encerramento do curso. Neste festival, os dez selecionados apresentarão o espetáculo “O Que Você Vê?”, uma construção coletiva. Além disso, eles apresentaram números individuais, também resultado dessa formação.

O curso teve duração de dez meses, com encontros diários, pelas manhãs, de segunda a sexta-feira. Com 1.330 horas de formação, foram oferecidas 17 disciplinas em três grandes áreas: artes do circo, artes da cena e teóricas. Para isso, o curso contou com uma equipe composta de 18 professores e professoras especializadas.

Como resultado destes dez meses de estudo, cada um dos dez alunos vai apresentar, neste festival, a criação de um número individual. Letícia Batista vai apresentar “Tr(amar)”, Rafaela Carvalho, “Entre Laços e Linhas”; Paz Sandoval apresenta “Metaverso”; Nayara Camargos, “Antagonismo de cor”; Fernanda Leiva, “Censura e a resistência : as sombras da história”; Pedro Ribeiro, “No seu tempo”; Laura Sagioratto apresenta “Cecí”; Duda Castello, “Reflexos”; Amanda Felix, “Senshi no Mai”; Mateus Rodrigues, “IGBOYA”,

Programação

Na quinta-feira, (31/10), o Núcleo de Formação Ampliada em Arte Circense estreia o espetáculo “O Que Você Vê?”, trabalho coletivo resultado da formação dos dez artistas que passaram pelo NUFAAC nesta edição. Esta sessão conta com audiodescrição. Às 14h30 será apresentado “Hi.a.to” mais uma vez. Às 19h30, Michael Moreno apresenta o número “Buscando o equilíbrio”. Às 20 horas, cada aluno do NUFAAC apresenta seu número circense.

Na sexta-feira (1/11), será realizada uma roda de conversa às 14h30 sobre “Formação Circense no Brasil: a experiência NUFAAC”. Às 19h30, Cafu e Michael apresentam “Boas vindas”. Às 20 horas, o NUFAAC reapresenta “O Que Você Vê?”. No sábado (2/11), a Cia Catavento apresenta às 14:30, mais uma vez, “Hi.a.to”. Às 19 horas, os artistas do NUFAAC apresentam, mais uma vez, seus números circenses do NUFAAC. Encerrando o Festival, haverá às 20h30 a cerimônia de formatura da 4ª turma do NUFAAC.

A expectativa de Nicknig, com esta programação, é ampliar as experiências do público sobre o universo circense. “Com este festival, vamos trazer para Goiânia companhias, grupos e artistas que estão inovando as pesquisas técnicas e estéticas do circo, oferecendo uma programação de altíssima qualidade, impactando o público e influenciando todos os artistas locais e as novas gerações de jovens estudantes de circo”, comenta.

O Que Você Vê?

O espetáculo “O que Você Vê” explora a relação entre o eu e o outro, usando o espelho como metáfora para as camadas de nossas identidades internas e externas. Inspirado no livro Espelho, de Suzy Lee, a obra conduz uma jornada emocional onde os personagens confrontam seus reflexos e questionam como se veem a si mesmos e ao coletivo ao qual pertencem.

Entre o drama e o lúdico, o espetáculo aborda temas de conflito, aceitação, pertencimento e descoberta pessoal, questionando: o que você vê ao olhar para dentro e como o reflexo se transforma diante do olhar do outro? A obra também reflete sobre a tensão entre o individual e o coletivo, e como o pertencimento pode influenciar nossa autenticidade.

Hi.a.to

Para que serve a utopia? Quando Eduardo Galeano foi interpelado por essa questão ele respondeu: “para caminhar”. É esse sentimento que move Felipe Nicknig, diretor da Companhia Catavento, e que o inspirou na criação de seu mais novo espetáculo “Hi.a.to”, uma primeira aproximação do trabalho de investigação de Nicknig sobre instabilidade e estabilidade. “Caminhar é transitar nesta linha tênue que se constitui entre a estabilidade e instabilidade. Este caminhar é sobre a vida, sobre o viver, sobre todos os desafios, anseios, medos e coragens que se interpõem na caminhada contra a nossa vontade”, compartilha o diretor sobre os sentimentos que atravessam esse espetáculo.

Hiato, na língua portuguesa, significa o encontro de duas vogais que pertencem a sílabas diferentes, ou seja, se constituem, estão juntas e separadas ao mesmo tempo. Também representa o encontro de duas pessoas em cena que experimentam essa linha tênue entre instabilidade e estabilidade, equilíbrio e desequilíbrio, explorando as possibilidades desta relação, sem romper com nenhum dos lados, afinal de contas é necessário certa prudência.