Primeiro-ministro da Groenlândia denuncia interferência estrangeira em meio à visita de delegação dos EUA

O primeiro-ministro interino da Groenlândia, Mute Egede, denunciou neste fim de semana uma possível interferência estrangeira ligada à visita de uma delegação dos Estados Unidos ao território autônomo dinamarquês. A comitiva inclui Mike Waltz, conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, e Usha Vance, esposa do vice-presidente americano JD Vance.

Segundo Egede, a presença da delegação americana não pode ser tratada como uma visita privada e levanta preocupacões sobre o respeito à soberania e ao processo democrático groenlandês. “Nossa democracia deve ser respeitada sem qualquer tipo de interferência externa”, afirmou o premiê interino.

Reação política e contexto local

A Groenlândia realizou eleições legislativas em 11 de março, e o novo governo ainda está em formação. Diante disso, Egede declarou que não haverá reuniões oficiais com representantes estrangeiros até que o novo gabinete esteja estabelecido.

O partido Democratas, de centro-direita e vencedor das eleições, também se pronunciou. Seu líder, Jens-Frederik Nielsen, classificou como “inapropriados” os recentes comentários do ex-presidente Donald Trump sobre a possível aquisição da Groenlândia pelos EUA, ressaltando que a visita da delegação ocorre em um momento sensível de negociações políticas internas e próximas eleições municipais.

Histórico de tensões com os EUA

Desde 2019, quando Trump sugeriu a compra da Groenlândia, as relações entre os dois países ficaram mais delicadas. Em 2025, Trump voltou a mencionar a possibilidade de anexar o território, alegando que isso promoveria a segurança internacional.

Embora todos os principais partidos groenlandeses apoiem a independência da Dinamarca em longo prazo, nenhum deles aceita a ideia de associação aos Estados Unidos.

A Casa Branca informou que a comitiva visitará uma base militar americana na ilha e participará de eventos culturais. No entanto, a visita segue gerando críticas e aumentando a tensão diplomática entre os governos locais e a potência norte-americana.