Lula defendeu solução diplomática para Venezuela na conversa com Trump

Presidente alertou que uma ofensiva dos EUA pode desestabilizar a região e reforçou necessidade de acordo político

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressou grande preocupação com a possibilidade de uma ação militar dos Estados Unidos na Venezuela. Segundo reportagem do jornal Estado de S. Paulo, Lula defendeu uma solução diplomática e política para o impasse entre Washington e Caracas, na ligação realizada ontem entre os dois presidentes.

Durante a conversa, Lula afirmou que uma ofensiva militar teria “efeitos colaterais” severos, incluindo instabilidade geopolítica, crise humanitária ampliada, aumento da migração forçada e risco de guerra civil. O presidente advertiu que as consequências se estenderiam ao Brasil, à Colômbia e a outros países vizinhos, alimentando ainda mais a tensão regional.

Trump foi evasivo sobre possibilidade de intervenção

De acordo com relatos citados pelo jornal Estado de S. Paulo, Lula ressaltou a importância de uma saída pacífica para o conflito. Trump, porém, adotou postura evasiva, sem confirmar nem negar a hipótese de ataques à Venezuela ou o fim das tentativas de acordo com o governo de Nicolás Maduro.

Auxiliares do presidente brasileiro avaliam que os Estados Unidos não contam com apoio da União Europeia, da Rússia ou da China para uma operação militar. Nas conversas reservadas, integrantes do governo apontam que os interesses norte-americanos nas reservas de petróleo venezuelanas estão no centro da disputa.

Cooperação contra o crime organizado e pautas econômicas
Lula também expôs a Trump, pela primeira vez, as ações brasileiras de combate ao crime organizado, destacando operações da Polícia Federal destinadas a asfixiar financeiramente facções criminosas, como a Carbono Oculto. O presidente norte-americano demonstrou interesse em ampliar a cooperação com o Brasil para neutralizar essas organizações.

O telefonema, que durou 40 minutos, ocorreu enquanto Lula estava na Refinaria Abreu e Lima, em Ipojuca (PE). O presidente elogiou a retirada da sobretaxa de 40% imposta pelos EUA a produtos brasileiros — como café, carnes e frutas —, mas pediu a Trump que acelerasse negociações para reduzir as tarifas de 22% das exportações que ainda enfrentam barreiras.

Trump respondeu de forma cordial, embora sem compromissos claros. Para o Palácio do Planalto, o fato de o presidente americano ter acionado sua equipe para tratar do tema indica que “piscou”. www.brasil247.com