“Joe Goldberg Ama ou Obsessivamente Mata? A Verdade Neurocientífica por Trás do Assassino Romântico da Série You”
Especialista em neurociência e comportamento humano analisa o personagem mais intrigante da Netflix e a resposta pode mudar sua visão sobre o amor patológico.
Na era dos anti-heróis carismáticos e vilões sedutores, poucos personagens despertaram tanta ambivalência emocional quanto Joe Goldberg, protagonista da série You, da Netflix. Interpretado por Penn Badgley, Joe é apresentado como um amante devotado, sensível, inteligente, mas também controlador, invasivo e letal. A pergunta que intriga fãs e especialistas é direta: Joe ama ou apenas domina? E mais, seria ele, na verdade, um psicopata funcional disfarçado de romântico contemporâneo?
O neurocientista e especialista em comportamento humano, Dr. Fabiano de Abreu Agrela, membro das sociedades científicas mais prestigiadas do mundo, analisou o perfil do personagem através da neurociência cognitiva, da psicopatologia e da psicogenética.
“Joe não ama no sentido técnico da neuroafetividade. Ele possui um padrão de vinculação distorcido, baseado em idealização e compulsão. Trata-se de um amor instrumentalizado, o outro é um objeto do seu delírio narcisista”, afirma Dr. Fabiano.
Segundo ele, o amor genuíno ativa estruturas cerebrais como o córtex pré-frontal medial, a amígdala, o núcleo accumbens e o hipotálamo, onde a empatia, o apego e o desejo de proteção ao outro coexistem de forma harmônica. No caso de Joe, porém, o que se observa é ativação excessiva do circuito dopaminérgico de recompensa (via mesolímbica) e déficits na regulação afetiva orbitofrontal, típicos de perfis psicopáticos ou obsessivo-narcisistas.
“Joe Goldberg pode ser melhor classificado como um serial killer funcional com comorbidade de transtorno de personalidade narcisista e antissocial, não um simples psicopata. Ele simula afeto, mas esse afeto está a serviço da posse e do controle, não da conexão.”
A série, criada por Greg Berlanti e Sera Gamble, intencionalmente flerta com esse limiar moral. Joe é o “vilão que ama”, o “namorado que cuida demais”. Mas esse “cuidado” envolve perseguições, assassinatos e manipulações. Para o público, o dilema se sustenta porque Joe parece sofrer, refletir e até se arrepender, o que não é típico em psicopatas clássicos, que apresentam frieza afetiva absoluta.
No entanto, essa “autocrítica” de Joe seria mais uma camada de manipulação intra e interpessoal, como destaca Dr. Fabiano:
“Não se trata de remorso real, mas de racionalização comportamental. Ele precisa justificar seus atos para manter sua autoimagem moralmente aceitável. Essa é uma característica central em perfis narcisistas de alto funcionamento cognitivo.”
A romantização da psicopatia, recorrente em produções recentes, encontra em You um caso emblemático. A série nos obriga a questionar não apenas quem é Joe, mas quem somos nós enquanto espectadores que torcem por ele.
Joe Goldberg não ama, ele mata em nome de um amor que só existe na sua mente distorcida. Ao transformar o afeto em ferramenta de controle e o romantismo em disfarce para a violência, You nos apresenta um estudo psicológico profundo e perturbador.
“A neurociência não perdoa: o verdadeiro amor exige empatia, altruísmo e entrega. Joe exige submissão, silêncio e exclusividade e isso não é amor. É posse. É patologia.” Conclui o neurocientista