
Sandro Mabel apresenta déficit de R$ 3,6 bilhões e detalha medidas para recuperar finanças de Goiânia
O prefeito de Goiânia, Sandro Mabel, participou nesta segunda-feira (24/3) da prestação de contas do terceiro quadrimestre de 2024, realizada na Câmara Municipal. Durante a apresentação, o prefeito revelou que assumiu a prefeitura com uma dívida superior a R$ 3,6 bilhões e apresentou um detalhamento dos valores que não foram empenhados pela gestão anterior.
Renegociação de contratos e foco na saúde
Entre as medidas adotadas para reverter o cenário, Mabel destacou a renegociação de contratos, especialmente na área da saúde, com descontos que chegam a 40%. Segundo ele, o objetivo é garantir a continuidade dos serviços essenciais sem comprometer o orçamento. “Estamos priorizando a saúde, auditando contratos e readequando dentro do orçamento”, afirmou.
Intervenção na Comurg e economia mensal de R$ 30 milhões
O prefeito também ressaltou a intervenção feita na Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), com foco na redução de custos e aumento da eficiência. “Com a intervenção, estamos economizando quase R$ 30 milhões por mês. Esse valor vai ajudar a financiar os R$ 190 milhões que precisamos para equilibrar as contas”, explicou Mabel.
Cenário crítico e primeiros resultados positivos
O vereador Igor Franco, líder do prefeito na Câmara, afirmou que os dados apresentados mostram a gravidade da situação encontrada e justificam as medidas adotadas. Ele destacou que, pela primeira vez, a Comurg fechou o mês no azul e que melhorias já começam a ser percebidas, especialmente na saúde.
Receita x Despesas
De acordo com o secretário da Fazenda, Valdivino de Oliveira, a receita total de Goiânia foi de R$ 9,145 bilhões, enquanto as despesas alcançaram R$ 9,534 bilhões. “Nosso grande desafio são as dívidas resultantes de empenhos cancelados ou nem mesmo formalizados. Precisamos honrar esses compromissos”, afirmou.
Destaques das dívidas não empenhadas
A maior parte da dívida está concentrada na Comurg, com um total de R$ 2,325 bilhões, sendo mais de R$ 1,5 bilhão em obrigações tributárias. Outros débitos incluem obrigações sociais (R$ 201 milhões), valores trabalhistas (R$ 96,8 milhões), fornecedores (R$ 65,1 milhões), consignados (R$ 63,4 milhões) e impostos a recolher (R$ 50,7 milhões).
A saúde aparece com o segundo maior déficit, totalizando R$ 441,1 milhões, dos quais R$ 248,6 milhões são repasses devidos às maternidades. Outros débitos envolvem consignados (R$ 50,8 milhões), prestadores do SUS, clínicas, hospitais e fornecimento de energia e refeições.
O Instituto Municipal de Assistência à Saúde (Imas) deve R$ 233,2 milhões, incluindo R$ 178 milhões a prestadores e valores remanescentes da pandemia. Também há débitos não empenhados nas secretarias de Administração (R$ 48,4 milhões) e Infraestrutura (R$ 42,9 milhões).
A prestação de contas atende à Lei de Responsabilidade Fiscal e contempla os dados dos últimos quatro meses da gestão anterior, encerrada em 31 de dezembro de 2024. O objetivo é garantir transparência e permitir o controle social e legislativo das finanças municipais.