Eleições 2024: qual é o impacto das deepfakes no setor político?
O cenário político enfrenta desafios cada vez mais complexos conforme a inteligência artificial (IA) avança em seu desenvolvimento. Um dos grandes obstáculos que promete influenciar as Eleições 2024, é o uso indevido de deepfake.
O termo se refere a técnica de IA que combina aprendizado de máquina e processamento de imagens para criar vídeos, áudios ou imagens falsificados que aparentam ser autênticos. Entender não apenas o que são deepfakes e as implicações éticas, sociais e políticas de seu uso é um dos melhores caminhos para você, eleitor, não ser enganado pela desinformação. Descubra agora como podemos nos preparar para enfrentar os perigos do deepfake nas Eleições 2024!
Por que o deepfake é uma ameaça às Eleições 2024?
A tecnologia do deepfake tem despertado preocupações em todo o mundo devido ao seu potencial para distorcer a verdade e manipular a opinião pública, representando uma ameaça significativa para a integridade do processo democrático.
A importância desse tema é evidenciada por eventos como o South by Southwest (SXSW), um dos maiores festivais de inovação do mundo. O SXSW 2024 reunirá especialistas em IA para debater maneiras de detectar e mitigar os efeitos negativos dos deepfakes na sociedade e nos negócios.
No Brasil, especialistas alertam que o uso de deepfake em 2024 pode ser ainda mais recorrente do que nas eleições de 2022, quando Lula e Jair Bolsonaro eram candidatos a presidência.
Aqui estão algumas razões pelas quais o deepfake pode ser considerado uma ameaça específica para as eleições de 2024. Acompanhe:
1. Manipulação de candidatos
Deepfakes podem ser usadas para criar vídeos falsos de candidatos políticos dizendo coisas que nunca disseram ou realizando ações comprometedoras. Isso poderia afetar a percepção pública sobre os candidatos e influenciar o resultado da eleição.
2. Propagação de notícias falsas
Vídeos adulterados podem ser compartilhados nas redes sociais e em outras plataformas de mídia, espalhando notícias falsas e confundindo os eleitores sobre fatos comprovados.
3. Desinformação em massa
Com o uso generalizado de deepfakes, os eleitores podem ter dificuldade em distinguir entre conteúdo autêntico e falsificado. Isso pode levar a uma atmosfera de desconfiança generalizada em relação à informação, tornando mais fácil para os grupos maliciosos disseminarem ideias polarizadas em massa.
4. Impacto na integridade das eleições
Se os eleitores são expostos a deepfakes que retratam candidatos de forma negativa ou que disseminam informações falsas sobre o processo eleitoral, isso pode minar a confiança nas eleições e na integridade do sistema democrático como um todo.
Afinal, é crime criar deepfake?
O uso de deepfakes, independentemente do conteúdo adulterado, pode configurar diversos tipos de crimes, especialmente relacionados à honra, como calúnia, difamação ou injúria.
A criação e divulgação de deepfakes podem resultar em pena de reclusão e multa, dependendo das circunstâncias específicas de cada caso.
No âmbito eleitoral, a disseminação de deepfakes pode ser considerada crime eleitoral. Durante o Ciclo de Audiências sobre as Eleições de 2024, promovido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), entidades ligadas às plataformas de internet e IA discutiram sobre o uso potencial de deepfakes durante o pleito.
Como resposta a essas preocupações, estão sendo discutidas mudanças nas normas eleitorais para lidar com a disseminação de deepfakes. Entre as mudanças em análise pelo TSE, destacam-se:
a obrigatoriedade de informar explicitamente a utilização de conteúdo fabricado ou manipulado em qualquer modalidade de propaganda eleitoral, bem como a necessidade de comunicar qual tecnologia foi utilizada para criar ou modificar o conteúdo;
o descumprimento dessas normas pode resultar em detenção ou multa para aqueles que produzem, oferecem ou vendem vídeos com conteúdo inverídico sobre partidos ou candidatos;
a proibição da veiculação de conteúdo fabricado ou manipulado que contenha informações sabidamente inverídicas ou gravemente descontextualizadas, com potencial de desequilibrar o pleito ou a integridade do processo eleitoral;
provedores de aplicação de internet também são responsáveis por adotar medidas para impedir ou reduzir a circulação de conteúdo ilícito que afete a integridade do processo eleitoral.
Recentemente, tivemos um dos primeiros casos de deepfake com repercussão na Justiça Eleitoral. O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná determinou que a Meta, proprietária do WhatsApp, bloqueasse o compartilhamento de uma gravação que continha declarações mentirosas atribuídas a um pré-candidato à prefeitura de Maringá.
Episódios como esse também foram identificados no Amazonas, Rio Grande do Sul e Sergipe, destacando a urgência de medidas eficazes para combater a disseminação de deepfakes e proteger o processo eleitoral.
Como se proteger de deepfake e conter fake news?
Proteger-se dos perigos apresentados pelo uso de deepfakes requer atenção e conhecimento das técnicas utilizadas na criação desses conteúdos manipulados.
De acordo com Bruno Sartori, jornalista especializado em deepfakes, os avanços tecnológicos das inteligências artificiais têm contribuído para aperfeiçoar essas falsificações, tornando-as cada vez mais convincentes e difíceis de detectar.
No entanto, mesmo diante dessa evolução, ainda existem algumas dicas valiosas que podem ajudar na identificação de deepfakes. Conheça:
Preste atenção na iluminação, sombras e reflexos incomuns;
Desconfie quando não houver sincronia dos lábios com a voz;
Veja se o tom de pele e o formato das orelhas são compatíveis com a parte interna do rosto;
Em videochamadas, peça que a pessoa passe a mão na frente do rosto. Se a imagem do rosto distorcer, é uma farsa;
Ao receber um áudio, preste atenção na naturalidade da fala e na presença de sotaques, sons robóticos e distorcidos.
É crucial ter em mente que, dependendo do contexto em que foram criados e da sofisticação das técnicas utilizadas, essas dicas podem não ser totalmente eficazes. A vigilância constante e o ceticismo são fundamentais para lidar com o desafio apresentado pelos deepfakes e evitar a propagação de informações falsas.