Inteligência artificial é amiga ou inimiga do clima?

Pesquisadora analisa tema de debate durante COP30

Na COP30, em Belém, a inteligência artificial não é mais a novidade futurista de outras conferências. Entre promessas de eficiência e alertas de colapso energético, a tecnologia aparece como símbolo de um dilema moderno: a mesma ferramenta que pode ajudar a frear o aquecimento global também o acelera.

O debate gira em torno da dualidade entre benefícios e malefícios, como explica a pesquisadora em inteligência artificial Jullena Normando. “A mesma tecnologia que pode ajudar com problemas reais como monitoramento da floresta Amazônica, tem o seu preço. O consumo de energia e de água cresce numa velocidade que ninguém nem sabe medir isso direito.”

A percepção é que a IA passou a ser tratada como aliada e ameaça ao mesmo tempo, segundo a Folha de S. Paulo. Entre análises técnicas da ONU, estudos divulgados antes e durante o encontro e iniciativas como a AI Climate Academy, cresce a tentativa de equilibrar potencial e risco.

A pesquisadora ressalta, que é por meio da inovação, que avançamos, mas ainda são possibilidades. Então, de fato, a IA pode ser uma aliada. Ela pode monitorar os ecossistemas, consegue ver coisas que a gente não vê, e identifica padrões. Ela consegue detectar o lixo plástico dos oceanos e muitas outras coisas que, de fato, a gente precisa de ferramentas.

Então a discussão da COP30, mostra que a gente ainda está muito no escuro quando o assunto é o impacto climático real da IA. E aqui no Brasil a gente ainda tem uma situação mais delicada, a gente não pode repetir a história de sermos apenas o território da extração. Nossa cultura, nossa história é marcada pelo extrativismo. E a expansão da IA, ela não pode significar só construir os data centers aqui com isenção fiscal e tudo mais. Porque esses data centers, consomem água e energia agora reais, tangíveis, enquanto a inovação e a propriedade intelectual ficam lá fora. Jullena Normando

Jullena Normando é pesquisadora em Comunicação e Inteligência Artificial na UFG com estágio na Universidade da Califórnia em San Diego (UCSD)